Elementos

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Corrida de Monte Gordo e Beja - por Joaquim Estevens

Fim de Semana Taurino, Agosto 7 e 8 de 2010.
Havíamos dito no nosso último escrito que o mês de Agosto estava à porta e com ele as corridas de grande responsabilidade para o Grupo de Forcados Amadores de Beja, com a fasquia das expectativas colocada em nível alto: Efectivamente, se pegar uma corrida de seis toiros em solitário, é um feito relevante, pegar duas corridas seguidas em solitário, no espaço de 24 horas, ainda mais relevante se torna e merece o devido registo e aplauso.
Parabéns ao Grupo de Beja, parabéns ao seu cabo e parabéns a todos aqueles que desde a primeira hora acreditaram. A vida é feita de exames e julgamentos permanentes, de vitórias e conquistas, de avanços e recuos e nessa perspectiva, o fim de semana passado, representou com toda a certeza um marco importantíssimo para os forcados amadores de Beja, colocando-os na ribalta da forcadagem nacional, tal o seu desempenho na desmontável de Monte Gordo seguindo-se igualmente nota alta na bejense Varela Crujo.
Sábado à noite em Monte Gordo, com a casa praticamente cheia, estiveram em praça os cavaleiros de alternativa, João Salgueiro e Rui Fernandes e bem assim a jovem e promissora Isabel Ramos, que lidaram três toiros Passanhas e outros três como ferro de Inácio Ramos.
O cavaleiro do Ribatejo, toureou com arte e saber, um toiro de cada ganadaria, ambos com boa apresentação e na ordem dos 550 Kgs. Nos dois, deixou a ferragem que lhe competia, cravando de frente e com alegria, saindo em bom ambiente. Guilherme Santos à primeira tentativa e Hugo Santana à terceira, finalizaram as lides de João Salgueiro. Guilherme Santos foi debutante e mostrou que pode ser mais um forcado de caras nas opções de Manuel Almodôvar. Hugo Santana não teve tarefa fácil, perante um animal que desde logo se defendeu e que levantava a cabeça com veemência; Esteve excelente na segunda tentativa, mas as ajudas não estiveram em “su sítio” neste particular, pelo que, à terceira com ajudas carregadas, a pega foi consumada.
Rui Fernandes, em noite inspirada e exibindo a sua excelente quadra de cavalos, esteve bem no seu primeiro e segundo da ordem com ferro da ganadaria Inácio Ramos, bregou com alegria cravando em sortes frontais, levando o público quase ao rubro dado a sua forma muito peculiar de saída e desenho das sortes. Na sua última actuação perante um passanha, pouco colaborante e de fraca investida que cedo se refugiou em tábuas, com recurso a ferros sesgados e em terrenos de compromisso, cravou ferros com nota alta. O forcado João Fialho, fechado à córnea de forma excelente, concretizou à segunda tentativa com ajudas perfeitas de Augusto Silva, Luís Merino e Miguel Lampreia. Ao quinto da noite, foi José Maria Brito Paes à cara com Luís Merino a dar primeiras. Tudo levava a crer que o forcado Brito Paes, seria o rabejador de serviço em Monte Gordo (4 toiros), função que desempenhou de forma exuberante e com muito brilho, no entanto, tocar-lhe-ia também a tarefa de pegar de caras, concretizando com êxito à segunda tentativa, já que à primeira, teve problemas a recuar na cara do seu oponente, pensamos que devido ao estado, muito pesado, da arena.
Nos toiros de Isabel Ramos, coube a José Miguel Falcão e Mauro Lança a função de forcados de caras. Nas suas actuações, ambos foram felizes no desempenho, pegando com técnica e arte, respectivamente um toiro de Inácio Ramos e outro da ganadaria Passanha. José Miguel Falcão, esteve bem e fechou-sena cara do toiro com muita classe, com uma ajuda de bom nível de Rodrigo Chaves. Mauro Lança, encerrou a prestação do Grupo de Beja, realizando uma pega brilhante, igualmente ajudado por Rodrigo Chaves com Álvaro Sampaio e Rui Picanço a complementar as ajudas. A cavaleira Isabel Ramos , actuando perante os seus conterrâneos, toureou e encantou: Vestindo e montando elegantemente, contribuiu de forma excelente para uma agradável noite de toiros, os quais entendeu e toureou de forma superior.
Estava assim concluída a primeira parte do já assumido fim de semana taurino: a primeira actuação em solitário do Grupo de Forcados Amadores de Beja, foi como acima expressamos, um importante tónico motivador e estimulante para a segunda actuação em solitário: desta feita e sob todos os olhares e atenções na Praça José Varela Crujo.
A fasquia das expectativas continuava alta e foram muitos os aficionados (meia praça forte?) que se deslocaram ao redondel da Pax Júlia, para ver como o Grupo de Beja, levaria de vencida ou não “esta empreitada”.
A empresa Aplaudir, fez anunciar um mais que duvidoso concurso de ganadarias, apresentando um lote de toiros, que muitos aficionados desde logo, reputaram de concurso de sobreros, tal a apresentação pouco cuidada dos animais, ainda que com peso, mas na generalidade, bastante faltados de casta e nobreza.
O primeiro da noite, da casa Prudêncio, de 475 Kgs. e de 2007, saiu para o cavaleiro António Telles que não obstante a sua veterania, não se conseguiu entender com um toiro que se mostrou manso e sem investida, muito embora se tivesse empenhado, conseguindo a lide possível. O forcado José Miguel Falcão, que trazia inspiração e confiança q.b. de Monte Gordo, não conseguiu concretizar à primeira, vindo a fazê-lo à terceira.
O cavaleiro de Tomar, Rui Salvador, esteve ao seu nível procurando lidar adequadamente, um toiro com 570 Kgs da ganadaria de António Silva, que cedo se desligou do cavalo e se resguardou em tábuas. Distribuiu-lhe empenhada e zelosamente a ferragem da ordem. Toiro folgado e com muita pata, empurrando com força e a pôr bem a cara, permitiu ao forcado Ricardo Soares uma pega à primeira tentativa, que mereceu forte ovação e aplauso: actuação brilhante de todo o grupo e menção especial para a prestação de Álvaro Sampaio na primeira ajuda e Manuel Almodôvar a rabejar. A aficion entendeu sublinhar devidamente a actuação do forcado, exigindo-lhe segunda volta á arena.
Ao forcado Miguel Nuno Sampaio, com Rodrigo Chaves a dar primeiras, caberia a proeza de pegar à primeira e bem um toiro da ganadaria D. Guiomar Cortes de Moura. Animal de 2006, anunciado com 480 Kgs. de boa investida, deixou-se lidar pelo cavaleiro Tito Semedo, que lhe dispensou dois ferros curtos com mérito: toureou de frente, talvez com ligeiro abuso nas cambiadas nem sempre bem finalizadas, mas no entanto com nota actuação positiva.
Num toiro da ganadaria Jorge de Carvalho, com 500 Kgs e nascido em 2006, tentou a cavaleira Sónia Matias, fazer o seu melhor, conseguindo alguma ligação e delírio com as bancadas na parte final da sua actuação quando cravou com alguma destreza e espectáculo, vários ferros na sorte de violino. Para a pega saiu o já experiente forcado Hugo Santana, que concretizou à terceira tentativa com muito valor. Álvaro Sampaio uma vez mais a ajudar bem, no entanto, há aqui que referir que o grupo não esteve bem a ajudar nas duas primeiras tentativas.
Costuma dizer-se que não há quinto mau e efectivamente, um toiro de 520 Kgs, nascido em 2007, igualmente oriundo da ganadaria de Monforte, fez as delícias do cavaleiro João Moura Caetano, que rapidamente chegou ao público, tirando partido de um animal colaborante o qual soube sempre trazer e prender ao cavalo. Cumpriu, cravando e rematando bem. O forcado Olavo Baião não esteve feliz na cara, sendo que o popular e alegre Luís Eugénio, vulgo Leiria, se encarregou de dobrar eficientemente à primeira o seu colega, com todo o grupo a acompanhar nas posições certas.
Da ganadaria de Jorge Mendes veio o último da noite: animal com quatro anos e com 565 Kgs. de peso mas com muito a dever à bravura: Não obstante a pouca raça e casta apresentada, conseguiu o cavaleiro Francisco Palha, uma actuação a todos os títulos meritória. Cravou bem, quer ao estribo quer ao alto. Com o seu toureio, facilmente chegou ao público que não lhe regateou aplausos, terminando com um espectacular par de bandarilhas a duas mãos. E a noite haveria de terminar em beleza para o Grupo de Forcados Amadores de Beja, com uma pega magnífica e tecnicamente perfeita, executada por Ricardo Castilho, com uma excepcional ajuda daquele forcado que desde sempre se tem afirmado com técnica, valor e saber: Álvaro Sampaio.
Apetece-nos aqui relembrar aquela velha máxima: “Quanto pior… melhor!”:
Ainda bem que os doze toiros que o Grupo de Beja enfrentou neste fim de semana, foram grandes e alguns tinham problemas, porque se tivesse pegado, toiros de ganadarias da nossa região ou tivesse pegado aquilo a que na gíria se designam de “babosas”, não faltariam por ai, falsos amigos, aficionados, comentadores e alguma concorrência a desvalorizar o mérito e valentia do GFAB e a evocar maldosamente falsas benesses.
Superadas estas duas etapas, está aberto o caminho para o GFAB, ocupar o lugar que merece e obter dos seus pares, da crítica e das empresas tauromáquicas o devido reconhecimento. Pela sua humildade e nobreza de carácter de todos os seus elementos, estamos certos que o GFAB se guindará já na próxima temporada a actuações em praças de primeiro plano.
Como sempre…. Até lá e para lá….. Sorte Moços !
Um abraço do Joaquim Estevens 2010.AGOSTO.10

1 comentário:

Anónimo disse...

Conseguimos
Era de se prever que seria duro, mas já tá Parabens a todos "FORAM GRANDES" espero que essas lesões melhorem pois estamos a meio e ainda temos muita responsabilidade pela frente, a moral esta em alta e por isso temos pernas para andar. Continuar aquele que é o nosso sonho.
PARABENS AO GRUPO DE BEJA
OBRIGADO AO ESPECTACULAR PUBLICO QUE NOS ACOMPANHOU
UM ABRAÇO E AS MELHORAS PARA TODOS
Manuel Almodôvar