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terça-feira, 16 de agosto de 2011

Corrida da Messejana por Joaquim Estevens

Messejana – 15 de Agosto – Dia de Santa Maria
Messejana, vila do Baixo Alentejo situada entre Aljustrel e Ourique, à qual nos referimos amiudadamente gracejando ou brincando com a “sua praia”, é terra de fortes e arreigadas tradições taurinas, as quais tem perdurado ao longo dos tempos. Recordamos aqui o reverendíssimo padre Serralheiro, pároco local nos idos anos cinquenta, sessenta e setenta do século passado, aficionado de primeira água, que muito contribuiu para a divulgação da festa de toiros: Mais recentemente, Manuel de Brito Ruas, seu ex-autarca ao longo de mais de duas décadas, antigo forcado, empresário e apoderado tauromáquico e obviamente, pessoa muito ligada à tauromaquia da região, deu o seu valioso contributo e empenho na recuperação da infra-estrutura hoje existente a qual é propriedade da Santa Casa da Misericórdia local. Naturalmente e nos dias que ora correm, outros têm e bem, dado continuidade à obra iniciada pelos seus antepassados: Neste contexto e no decorrer das tradicionais festas de Santa Maria e em honra de Nossa Senhora da Assunção, a misericórdia messejanense, organizou na denominada Praça de Toiros Padre Serralheiro, uma corrida, anunciada, como acontecimento de emoção e com seis magníficos toiros Veiga Teixeira, para os cavaleiros Rui Salvador, António Brito Paes e João Teles Jº, com as pegas a cargo dos forcados amadores de Évora e Beja, capitaneados respectivamente por Bernardo Patinhas e Manuel Almodôvar.
A singular praça, encontrava-se quase lotada, assistindo-se assim a uma corrida de toiros com expectativas elevadas, quer pelas características do redondel, quer pelo gabarito e prestígio dos Veiga Teixeira, os quais nem todos primaram pela bravura. Todos os cavaleiros lidaram os seus oponentes com mestria, cravando e distribuindo a respectiva ferragem, muitas vezes em terrenos de compromisso, porquanto a investida dos toiros não era a mais nobre, com excepção do último da noite, o qual desde o inicio da lide sempre se mostrou sério e com casta, permitindo ao jovem cavaleiro da Torrinha uma excelente actuação. A música e os aplausos foram uma constante, sublinhando e premiando lides, de todos, cheias de saber e brilho, desenvolvidas a contento para superar as dificuldades impostas pelos toiros numa arena cujas dimensões são limitadas.
Ao segundo da noite, manso e com fraca investida, foi Ricardo Castilho tentar a pega: Não logrou concretizar à primeira tentativa, já que o toiro investiu, metendo a cabeça de forma desconforme não permitindo a adequada reunião. Concretizou à segunda tentativa, ajudado por Álvaro Sampaio. Bom desempenho das segundas ajudas, os irmãos Mauro e Márcio Lança. O cavaleiro de Tomar, abriu a segunda parte da corrida, enfrentando e lidando um animal que veio a evidenciar sérios sintomas de cansaço na parte final da lide, facto que de alguma forma ensombrou a pega executada à primeira pelo forcado Miguel Nuno Sampaio, o qual se “alapou” totalmente na cabeça do toiro, viajando até quase à parede / trincheira, para aí, sem abrir braços ou pernas acompanhar a queda do toiro, que talvez por manifesto cansaço, não aguentou o peso e força do grupo, estatelando-se por completo na arena. Como acima referimos, ditou a sorte que o último da noite, um negro de córnea aberta anunciado com 580 kg, de 2007, permitisse tanto ao cavaleiro como ao forcado, excelentes actuações. O nosso valoroso forcado João Fialho, cremos que ainda a recuperar da mazela de Entradas, não se deixou intimidar e porfiou no êxito, deixando registada na Praça de Messejana, uma pega de excelência, tal a forma como consumou o seu intento: Citou com elegância, pisando os terrenos do toiro, esteve perfeito na reunião, viajando bem fechado, aguentou os derrotes daquele que como já dissemos e em nossa opinião, foi o toiro mais completo da corrida. Nesta vistosa pega à primeira tentativa, todo o grupo deu boa conta de si, ajudando e entrando nos momentos exactos.
Regressámos a Beja animados pela satisfação de ter visto o Grupo de Forcados Amadores de Beja ombrear muito dignamente com um dos grupos de maior prestígio da forcadagem nacional, mostrando assim à aficion e à crítica que grupo tem valores e ambição para poder pisar outras arenas. Felicitamos o cabo Manuel Almodôvar e todo o seu grupo por este duro desempenho.
E por hoje é tudo, despedimo-nos como sempre: Sorte Moços!
Um abraço do Joaquim Estevens (16.08.2011)

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