Elementos

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Cabeça Gorda e Castro Marim por Joaquim Estevens

Nocturnas de Cabeça Gorda e Castro Marim, 12 e 13 de Agosto.
O Grupo de Forcados Amadores de Beja, apresentou-se nestas duas localidades, integrando os seus cartazes festivo-taurinos, tendo em qualquer delas prestações distintas e diversas, o que obviamente, faz parte do memorial de qualquer agremiação e nem por isso pode ser factor de tristeza ou de desânimo.
Se na corrida de dia 12, na Cabeça Gorda, os ventos sopraram mais ou menos de feição o mesmo já se não pode dizer da corrida de Castro Marim, onde a brisa marítima ia fazendo das suas em todos os grupos de forcados, perante uma assistência que lotava por completo a desmontável de Inácio Ramos.
Integrada nos festejos anuais em honra do seu santo padroeiro, a Cabeça Gorda e pela mão do antigo cavaleiro de alternativa Luís Cruz, viu mais uma corrida de toiros: Este ano com toiros da Ganadaria Passanha (3 anos) para os cavaleiros João Moura, Tito Semedo e Ana Baptista, com os grupos de Cascais e Beja na função das pegas. Meia casa forte, assistiu ao espectáculo que decorreu sem quaisquer dificuldades dignas de registo.
No segundo da noite, lidado pelo cavaleiro de Ourique, coube a Francisco Sampaio a tarefa de ir à cara: Evidenciando alguns problemas a recuar e que certamente corrigirá no futuro, consumou à terceira tentativa. Não obstante a frustração dos intentos anteriores, todo o grupo esteve coeso, com todos os elementos no seu lugar. À primeira tentativa, pegou Francisco Santos o quarto da ordem, com João Afonso (Castor) a dar primeiras, Luís Eugénio e Luís Picanço nas segundas. Miguel Nuno Sampaio a rabejar com eficiência. Fechou com a chave de ouro, o forcado Luís Barbio, que à primeira tentativa consumou uma vistosa pega, aguentando-se valorosamente na cabeça do toiro. Pega vistosa, com todo o grupo a cumprir, excepção feita à fraca prestação do rabejador, Bento Quadros e Costa, que não conseguiu suster e imobilizar totalmente o toiro, situação que estamos em crer, poderá corrigir e ultrapassar no futuro. Já aqui temos dito que não há corridas fáceis ou difíceis de mais ou menos responsabilidade: há corridas e todas elas são ou devem ser entendidas como um exame, onde os resultados podem variar desde as reprovações às aprovações, estas com distinção ou com menção honrosa. O público e aficion ditam o veredicto: pensamos que na corrida em análise, a menção honrosa, assenta perfeitamente como nota final do exame, sendo indisfarçável na cara de todos, forcados, amigos e acompanhantes, a satisfação e orgulho por uma boa prestação.
No final do dia 13, rumou o GFAB e seus devotos acompanhantes ao Algarve, mais propriamente a Castro Marim, bonita vila ribeirinha do Guadiana. Tal como na noite anterior em Cabeça Gorda, festividades de carácter popular e religioso acolhiam a tauromaquia nos seus programas. Sob o olhar altivo do Castelo de Castro Marim, importante monumento da época medieval, decorriam as festas em honra de Nossa Senhora dos Mártires e nelas, o empresário e ganadeiro Inácio Ramos, inscreveu mais uma corrida de toiros, a qual, muito justamente já faz parte do calendário taurino do Algarve, tal a categoria dos artistas que lá actuam e a quantidade de aficionados que lá acorre. Neste ano de 2011 da graça de Deus, estiveram naquele tauródromo os cavaleiros de alternativa Joaquim Bastinhas e Rui Fernandes, acompanhados do cavaleiro praticante João Maria Branco que lidaram com brio e desenvoltura toiros das ganadarias Passanha e Inácio Ramos (3 de cada). Os artistas de jaqueta pertenciam aos grupos de Cascais, Arronches e Beja.
Perante toiros reservados, a descair para o mansote e com algum sentido, os cavaleiros em praça, procuraram não deixar os seus créditos por mãos alheias, dispensando aos opositores as lides possíveis e adequadas. Noite dura, muito dura mesmo, para os forcados de todos os grupos, que sentiram e viveram altas dificuldades para consumar as suas actuações: excepção feita à segunda pega do Grupo de Arronches, realizada à primeira tentativa de forma brilhante e tecnicamente perfeita. Em todas as outras cinco pegas e após várias tentativas, lamentavelmente, mandaram sempre os toiros e esses nada facilitaram aos forcados: esteve-se em noite de pegas de recurso e a cesgo.
Um toiro Passanha de 510 kg, ostentando o número 7 na espádua, com uma córnea aberta, o terceiro da noite, investiu por três vezes, forte e com determinação ao forcado Guilherme Santos, o qual nunca recuando como devia teve sempre problemas na reunião, os quais se transmitiam por inteiro a todo o grupo. Concretizou à quarta tentativa e em sorte de recurso com todo o conjunto a carregar abruptamente e sem brilho junto às tábuas. No último da noite, um toiro com córnea acabanada de Inácio Ramos com 520 kg e de 2008, investindo com pata e sentido, não permitiu a Ricardo Castilho aquela pega que ele ambicionava e todos esperávamos, já que esteve elegante a citar, pois haveria de retirar-lhe a cara e despejar todo o grupo por terra, mais que uma vez, muito embora neste particular, não possamos relevar a actuação do grupo que não esteve a ajudar como e onde devia. Consumou com dificuldade e em recurso. Enfim, há dias e noites assim e como acima dizemos, quando se reprova num exame, não se abandona a escola, há é que voltar a ler os livros e estudar mais melhor a lição, para conseguir a aprovação no exame que se segue.
Não querendo nem podendo esquecer outros anfitriões que com grande hospitalidade nos têm recebido, queremos aqui deixar uma palavra de agradecimento à família Sampaio Falcão pela forma carinhosa com que sempre acolheram em sua casa o GFAB, seus amigos e acompanhantes. O nosso muito obrigado.
Que o dia 15 de Agosto, dia de Santa Maria e dia santo, venerado e guardado por todos os alentejanos, seja um dia para o nosso grupo se encontrar consigo mesmo e com aquela técnica e saber que já nos mostrou, levar de vencida os Veiga Teixeira na Praça de Messejana.
Para lá e até lá…… sorte moços! Um abraço do Joaquim Estevens (14.08.2011)

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